Bruno Alves tem sido muitas vezes comparado com dois dos jogadores mais agressivos e de pior cadastro disciplinar da história do futebol nacional, os seus antecessores Paulinho Santos e Jorge Costa. A olho nu talvez haja parecenças, em particular de estilo e telegenia; mas, mergulhando nos números, constatamos uma realidade antagónica. Bruno Alves, que já soma 27 jogos na Seleção Nacional sem ver sequer um cartão amarelo, é um dos jogadores menos castigados dos nossos dias, quase exemplar, um mestre na gestão do calor do jogo e da interação com os árbitros.
Em contraste com os seis vermelhos de Paulinho Santos, os cinco de Secretário, Rui Jorge ou Deco e os quatro de Jorge Costa, Jaime Magalhães ou McCarthy, Bruno Alves viu apenas um cartão vermelho em nove temporadas no futebol nacional - precisamente no ano em que jogou menos, o da chegada ao FC Porto. Foi Lucílio Baptista o árbitro que lho mostrou, aos 82 minutos de um jogo quente com o Benfica, o primeiro de muitos, curiosamente também marcado por um triunfo categórico dos lisboetas, em pleno Estádio do Dragão. Corria o ano de 2005, e o treinador do FC Porto era Co Adriaanse, que não apreciava particularmente o género impetuoso e preferiu sempre a sobriedade de Pedro Emanuel para contracenar com Pepe.
Depois chegou Jesualdo Ferreira e a vida de Bruno mudou. Começou a jogar sempre, herdou as divisas de Jorge Costa e tornou-se um pilar do clube, com a camisola de João Pinto, mas seguindo o velho estilo de Rodolfo, André e Paulinho, nos limites da combatividade agonística.
Desde essa única e derradeira expulsão, Bruno Alves disputou 120 jogos nas competições nacionais, somando um total de 22 cartões amarelos. Em seu abono, apenas duas partidas de suspensão por acumulação em quatro anos. Mas em simultâneo via crescer a reputação de defesa intratável que foi obrigando o pai, Washington, famoso caça-canelas do tempo dos campos pelados, a vir a lume de vez em quando contestar a "parcialidade" das críticas que alguns ousam fazer às sessões de luta-livre em que o filho se envolve nos relvados.
Washington sabe do que fala. Também ele conseguia não ser expulso nos seus tempos de Varzim e Rio Ave, quando os cartões eram disciplinarmente muito mais custosos. Só na época de 78-79, sete amarelos valeram-lhe 6 jogos de suspensão - jogava semana sim, semana não.
Nestes quatro anos, o cordato Bruno viu onze companheiros de equipa serem expulsos nas provas nacionais e outros quatro nas competições europeias. Só nesta época ainda por terminar, são sete os cartões vermelhos a atrapalhar a gestão de Jesualdo Ferreira, pouco habituado a ter jogadores suspensos ao longo dos anos do tetracampeonato. Não é por Bruno Alves que o FC Porto será visto, mais tarde, como uma equipa acidentalmente indisciplinada. Pelo contrário, basta reparar no seu registo na Liga dos Campeões (quatro cartões amarelos em 34 jogos) para perceber a competência - diria, a mestria - deste jogador em matéria de controlo emocional. Dele e de tudo o que o rodeia.
Em contraste com os seis vermelhos de Paulinho Santos, os cinco de Secretário, Rui Jorge ou Deco e os quatro de Jorge Costa, Jaime Magalhães ou McCarthy, Bruno Alves viu apenas um cartão vermelho em nove temporadas no futebol nacional - precisamente no ano em que jogou menos, o da chegada ao FC Porto. Foi Lucílio Baptista o árbitro que lho mostrou, aos 82 minutos de um jogo quente com o Benfica, o primeiro de muitos, curiosamente também marcado por um triunfo categórico dos lisboetas, em pleno Estádio do Dragão. Corria o ano de 2005, e o treinador do FC Porto era Co Adriaanse, que não apreciava particularmente o género impetuoso e preferiu sempre a sobriedade de Pedro Emanuel para contracenar com Pepe.
Depois chegou Jesualdo Ferreira e a vida de Bruno mudou. Começou a jogar sempre, herdou as divisas de Jorge Costa e tornou-se um pilar do clube, com a camisola de João Pinto, mas seguindo o velho estilo de Rodolfo, André e Paulinho, nos limites da combatividade agonística.
Desde essa única e derradeira expulsão, Bruno Alves disputou 120 jogos nas competições nacionais, somando um total de 22 cartões amarelos. Em seu abono, apenas duas partidas de suspensão por acumulação em quatro anos. Mas em simultâneo via crescer a reputação de defesa intratável que foi obrigando o pai, Washington, famoso caça-canelas do tempo dos campos pelados, a vir a lume de vez em quando contestar a "parcialidade" das críticas que alguns ousam fazer às sessões de luta-livre em que o filho se envolve nos relvados.
Washington sabe do que fala. Também ele conseguia não ser expulso nos seus tempos de Varzim e Rio Ave, quando os cartões eram disciplinarmente muito mais custosos. Só na época de 78-79, sete amarelos valeram-lhe 6 jogos de suspensão - jogava semana sim, semana não.
Nestes quatro anos, o cordato Bruno viu onze companheiros de equipa serem expulsos nas provas nacionais e outros quatro nas competições europeias. Só nesta época ainda por terminar, são sete os cartões vermelhos a atrapalhar a gestão de Jesualdo Ferreira, pouco habituado a ter jogadores suspensos ao longo dos anos do tetracampeonato. Não é por Bruno Alves que o FC Porto será visto, mais tarde, como uma equipa acidentalmente indisciplinada. Pelo contrário, basta reparar no seu registo na Liga dos Campeões (quatro cartões amarelos em 34 jogos) para perceber a competência - diria, a mestria - deste jogador em matéria de controlo emocional. Dele e de tudo o que o rodeia.