Paulo Tavares

Há um novo sorriso no plantel do Leixões. Paulo Tavares não é novidade no mercado de Inverno, mas atendendo ao período "complicado" que teve de enfrentar mais de um ano, bem se pode considerar o seu regresso à competição, nos dois últimos jogos, como sendo um reforço. Aos 24 anos, o médio formado nas escolas do clube quase foi vergado pela persistência da falta de sorte. Condicionado por lesões sucessivas, Paulo Tavares esteve prestes a desistir do que mais gosta de fazer. "Cheguei a ponderar deixar o futebol", confessou, num desabafo como que a sacudir para longe a má sorte, que ainda assim, não foi suficientemente forte para o privar "do apoio fundamental da família" e do "grande amigo Tiago", suporte "essencial na recuperação". Esteve muito tempo distante dos relvados, sem, contudo, perder o elo aos
"colegas, que foram muito importantes" para que Paulo Tavares se sentisse integrado no grupo.

Passada a tormenta, é hora de reerguer a carreira. Numa feliz coincidência, recuperou o lugar no onze, frente ao Estoril, em compromisso a contar para a Carlsberg Cup, no mesmo relvado onde deu os primeiros pontapés numa prova profissional e que o conduziram de volta à casa-mãe na pré-época de 2008/09, depois de quatro anos a rodar pelos escalões secundários. Aos 84 minutos desse jogo, Paulo Tavares acrescentou, na passada jornada, na vitória sobre o Belenenses, mais 30 (suplente utilizado), desta vez na Liga Sagres. Diz que está "pronto para ajudar a equipa" e refeito do "desgaste psicológico" por ter sido obrigado "a recomeçar constantemente a readaptação". A provação "já ficou
para trás", deixando, todavia, marcas emocionais profundas que jamais esquecerá. Paulo Tavares passou a "valorizar mais as coisas", olhando as experiências da vida por um prisma diferente ao que antes julgava "ser mais importante". Afinal, acrescenta, "pensamos que estamos mal, quando na realidade não é assim tão mau". Por isso, Paulo Tavares diz "ter acordado para a vida". José Mota saúda o renascimento do jogador que o destino afastou da titularidade na visita histórica ao Dragão, na época passada. Um simples remate a finalizar o treino da véspera do jogo ( 24 de Outubro de 2008) com o FC Porto provocou-lhe uma rotura muscular na coxa direita. Desde aí, o azar instalou-se até o deixar, agora, em paz.

Paulo Tavares foi a grande surpresa reservada pelo estreante Fernando Castro Santos. O treinador espanhol viu ali a garra que o personifica e o médio entrou para o meio-campo, contribuindo para o saboroso empate que travou os dragões em Matosinhos. Um dia depois e já refeito das emoções, Paulo Tavares não escondeu estar perante "um dos melhores momentos da carreira".

"Foi felicidade a dobrar, pois este empate também é muito importante para a equipa. Agora, temos de continuar a somar pontos", registou.

Tudo porque este confronto com o FC Porto foi duplamente especial, pois o jogador do Leixões já não era titular num jogo do campeonato há um ano e meio. No dia 31 de agosto de 2008 alinhou na Trofa com surpresa, foi expulso por acumulação de amarelos e só entrou outra vez em ação em duas ocasiões, mas sempre como suplente utilizado. Foi um longo calvário marcado por lesões musculares e tudo começou de forma caricata: na véspera do jogo no Dragão, onde estava apontado como titular, sentiu a dor e começou aí o calvário...

Razão suficiente para um longo desabafo: "Naturalmente tive momentos de desilusão, mas sempre acreditei que podia regressar sem problemas. É verdade que foi muito azar junto, mas agora prefiro não pensar nisso e trabalhar arduamente para continuar a ajudar a equipa."

Esta época, Paulo Tavares já tinha utilizado em Belém e cumpriu 2 jogos na Taça da Liga.

Lesionara-se em Outubro de 2008, frente ao FC Porto que também apadrinhou o seu regresso. Recuperação com várias recaídas.

Paulo Tavares jamais esquecerá o dia em que teve de abandonar o relvado debilitado fisicamente. Foi a 26 de Outubro de 2008, «após um jogo com o FC Porto», lembra, hoje, precisamente depois de ter sido uma das escolhas do novo treinador do Leixões, Castro Santos, para o embate com os dragões, que terminou empatado sem golos.

Para Paulo Tavares, o último ano e meio foi, pois, «muito complicado». «Passei tempos difíceis, por causa das lesões e das recaídas, e cheguei a recear o pior. Mas, com sacrifício e vontade de recuperar, aqui estou de novo...», afirma o médio, sem esconder um sorriso de satisfação por ter ajudado a sua equipa a obter um resultado positivo diante do campeão.

A partir de agora, Paulo Tavares concentra-se na recuperação classificativa, certo de que o Leixões do último sábado «mostrou atitude», algo que teria falhado em desafios anteriores. «Essa foi a maior diferença que registei após a saída de José Mota...», acusa. «E ficámos a perceber que podemos ultrapassar a crise e dar a volta à situação», junta.

Para quem apenas tinha sido chamado a intervir num embate da Taça da Liga, como suplente utilizado, Tavares confessa que ficou surpreso quando o treinador o informou que «iria jogar com o FC Porto». «Isso aconteceu umas horas antes do jogo, e é claro que fiquei contente...», diz.
Em campo, Paulo Tavares acabaria por sentir alguma falta de competitividade, dada a longa paragem, mas, no final, também percebeu que pode vir a ser útil. «Não posso prometer mais do que trabalho e empenho. Vamos fazer tudo para que as coisas resultem. Tenho a certeza de que vamos atingir o objectivo», remata.