Tucker resiste à tormenta.Sólido, num Mar de contradições. Os primeiros
meses do argentino Tucker no Leixões são um caso de
sucesso, numa equipa de altos e baixos, de fenómenos que nem o
sangue quente latino-americano do central, de 26 anos, consegue
explicar, como esse dos cartões vermelhos em série que
marcaram o final da primeira volta do campeonato: "Tantas
expulsões seguidas não é comum. A mim, nunca me
aconteceu algo assim, em tantos jogos seguidos, desde que me
conheço jogador. Esperemos que não suceda mais e que, com
o tempo, fique como uma má experiência, a não
repetir".
Num plantel em que a inexperiência colectiva explica, em
parte, o sobressalto classificativo, Tucker constitui-se como
excepção: é novo no balneário e, num onze
em constante mudança, imposta por castigos e lesões,
falhou apenas uma jornada. O segredo para a adaptação
é o que está à vista de todos. "Quando cheguei,
tive a sorte de jogar, rapidamente, e tive a ajuda dos companheiros",
diz quem acredita que a equipa está, finalmente, em
condições de ajudar-se a si própria. A boa
exibição com o FC Porto, na Taça da Liga, é
o ponto de partida para um jogo "melhor", em Alvalade. "Não
conseguimos o resultado que desejávamos, mas, com esta atitude,
de certeza que vamos ganhar mais do que perder", defende, sem medo do
leão: "É difícil, mas, não há
impossíveis".
Um bom companheiro
De uma forma inesperada, os sobressaltos da época leixonense
ajudaram Tucker, um desconhecido do balneário, a quem os
sucessivos desaires de Nuno Silva e Joel foram dando um conhecimento
mais profundo dos companheiros do eixo da defesa. "Já
conheço todos; é fácil quando estamos juntos. Mais
difícil foi jogarmos juntos várias vezes seguidas",
sorri, com esperança de um resto de época mais tranquilo,
embora, no Dragão, na Taça da Liga, tenha conhecido um
novo companheiro, o compatriota Trombetta.
O mais difícil foi o Português
Resistir aos altos e baixos do Leixões não foi o mais
difícil, na primeira aventura de Tucker no futebol europeu.
Complicado mesmo, confessa o central cedido pelo Quilmes, até ao
final da época, foi habituar-se ao Português. Para quem
vive com Espanha do outro lado da fronteira, o idioma é quase
familiar. Mas, para quem teve de atravessar o Atlântico, para
quem nunca tinha ouvido nada parecido, o impacto foi assustador - a
proximidade da Argentina com o Brasil não é exemplo, pois
os brasileiros sentem dificuldade parecida. "Ao princípio,
não percebia nada", recorda. "Com os dias, a gente habitua-se",
diz, num espanhol que soa simples, na Península Ibérica.
O mais natural acabou por ser a adaptação ao futebol, que
os leixonenses vivem de coração, para o melhor e para o
pior: assobiados fora de casa, nas derrotas, os jogadores viram a
bancada tornar-se um aliado poderosíssimo, a extensão da
revolta que não podia demonstrar, em campo, nos encontros mais
polémicos de um campeonato marcado pela aflição,
que, para o pontapé de saída em 2010, reserva à
equipa de José Mota um dos maiores palcos lusos, Alvalade. "A
todos os futebolistas agrada jogar com as equipas grandes. A seriedade
é a mesma, mas, a motivação é outra, o
ambiente é diferente", explica, como quem diz que a
paixão não conhece fronteira.
IN: OJOGO
Carvalhal lançado no Mar
FOI NO LEIXÕES PROJETOU A SUA CARREIRA DE TREINADOR
O adversário de hoje do
Sporting deixa gratas recordações a Carlos Carvalhal. Foi no Estádio do
Mar que o líder da equipa técnica leonina projetou a sua imagem como
treinador, através de feitos que na altura ninguém imaginava possíveis.
Antes de chegar a Matosinhos, Carlos Carvalhal, hoje
com 44 anos, tinha dado os primeiros passos na carreira de técnico em
clubes como o Sp. Espinho, Freamunde e D. Aves. Posteriormente, em
2001/02 tomou conta do Leixões, então na 2.ª Divisão B, e conseguiu a
proeza de atingir a final da Taça de Portugal. Saiu derrotado, com um
golo de Jardel, mas garantiu o acesso à Taça UEFA, começando a ser cada
vez mais falado e... cobiçado.
Apesar de tudo, manteve-se mais um ano no Mar e, na
Europa, conseguiu afastar o Belasica, da Macedónia, na primeira
eliminatória da Taça UEFA. Após ter empatado em casa (2-2), o Leixões
obteve o passaporte para a ronda seguinte fora de casa, vencendo por
2-1. Seguiu-se a receção ao PAOK e os "bebés" voltaram a deixar a
Europa do futebol de boca aberta, ao baterem os gregos por 2-1. Pior
foi a segunda mão - derrota por 4-1 -, que afastou os portugueses, que
saíram, no entanto, de cabeça levantada.
Desde essa altura, Carvalhal regista um percurso
ascendente com passagens por V. Setúbal (ganhou a Taça da Liga),
Belenenses, Sp. Braga, Tripoli (Grécia) e Marítimo, antes de se fixar
no comando da equipa técnica do clube de Alvalade.
Mota tem luz verde para roubar pontos SPORTING É O ALVO PREFERIDO DO TREINADOR
Recordar o triunfo alcançado
pelo Leixões na época passada, em Alvalade, é reduzir a apenas 90
minutos as esperanças de renovar a gracinha já hoje. José Mota tem
trabalhado a semana inteira para conquistar pontos e pela sua cabeça já
passaram muitas outras alegrias conseguidas no terreno do Sporting.
O leão é mesmo o clube grande preferido pelo treinador
no que diz respeito a causar surpresas. Em 17 confrontos, ao serviço de
Paços de Ferreira e Leixões, Mota já somou 5 vitórias (3 delas em
Lisboa!) e ainda 2 empates.
Nos últimos dias tanto se falou de José Maria Pedroto e
na forma como o "Mestre" lutou para mudar mentalidades. E foi isso
mesmo que, desde 1999, José Albano Ferreira da Mota, agora com 45 anos,
tentou implementar nos seus plantéis. Subiu de divisão pelo clube onde
pendurou as chuteiras e logo no ano de estreia no escalão maior do
futebol português (2000/01) fez furor ao vencer na Luz, em Alvalade, ao
derrotar o FC Porto em casa e a empatar frente a águias e leões, também
na Mata Real.
Isto, sim, é futebol!Estava
dado o pontapé de saída para uma carreira recheada de jogos memoráveis.
Daí em diante, falar dos pacenses era sinónimo de futebol consistente,
atrativo e nunca de tração atrás. Mota mudou-se para Matosinhos e na
época de estreia até andou pelo 1.º lugar. Este ano, e depois de perder
as principais figuras da equipa, ainda não brilhou. Mas o covil do leão
costuma ser inspirador...
As horas mais difíceisNaturalmente,
como em tudo na vida, há o reverso da medalha e o treinador já teve
enormes dissabores frente aos grandes, nomeadamente diante do Sporting.
Em 2001/02 os leões vergaram os castores por 6-0 e o Benfica daria 4
golos sem resposta.
A chapa 4 repetiu-se em 2006/07 com a assinatura do FCPorto. Pelo Leixões esta temporada, o Benfica venceu-o por 5-0, na Luz.
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