"Damos as boas-vindas aos adeptos visitantes da capital do Minho, ao estádio que acolhe a equipa que melhor honrou o nome de Portugal na última Liga dos Campeões, ao estádio do vice-campeão nacional." As provocações começaram cedo no Estádio Municipal de Braga.
As picardias entre os dirigentes não acabaram no chorrilho de comunicados e tiveram eco no campo do dérbi minhoto. Mesmo antes do apito inicial de João Ferreira já o speaker dos arsenalistas espicaçava os rivais de Guimarães: a dezena que não respeitou o boicote ao jogo e teve coragem de ocupar cadeiras na bancada destinada aos visitantes.
Estava dado o mote para um jogo de nervos, também transmitido no ecrã gigante que o V. Guimarães montou na praceta do Estádio D. Afonso Henriques.
Provocações à parte, as coreografias, os cânticos e os bombos da casa, que não se calaram a noite inteira,
criaram grande ambiente na pedreira de Braga. Depois de uma defesa de Artur, a negar o golo do V. Guimarães a Targino, só aos 28 minutos chegou a segunda grande oportunidade do duelo - Lima atirou junto ao poste da baliza de Nilson - e com ela começaram também a chegar mais adeptos vimaranenses.
A claque White Angels ia pendurando a tarja e a polícia não tirava os olhos de cima. Nem os agentes, nem os outros espectadores que, sem grande emoção no relvado, apontavam a mira às bancadas. Talvez invejoso da menor atenção dos adeptos, Hélder Barbosa arrancou de imediato um cruzamento-remate. Nilson traído, bola ao poste. Crescia o Sp. Braga, mas ainda não o suficiente para conquistar os três pontos, ultrapassar o Sporting e recuperar o terceiro lugar na classificação.
às armas, às armas... Para ajudar à festa, a segunda parte começou ao som dos últimos acordes do hino nacional, que os adeptos entoaram com os cachecóis erguidos e pelo menos uma bandeira portuguesa a esvoaçar, qual jogo da selecção nacional.
"A Portuguesa" contagiou os protagonistas (os jogadores, entenda-se) e, aos 49 minutos, Cléber salvou o V. Guimarães. Em cima da linha de golo, o médio impediu que o remate de Paulão entrasse na baliza. Não marcou à primeira, marcou à segunda. Três cantos seguidos, o último de Mossoró, e o cabeceamento em cheio do central do Sp. Braga, ao segundo poste. Sem tempo para se recompor, Nilson deixou entrar o segundo. Remate potente de Ukra, a passar por cima da mão do guarda-redes.
Os vimaranenses desconcentravam-se (como os dirigentes que no pré-dérbi quiseram desviar as atenções do que mais importa num campeonato de futebol). Os erros pagam-se caro e Bracara Augusta cobrou alta a factura à Cidade-Berço. Novo canto (outra vez de Mossoró) e Alan saltou lá no meio da área para impor o registo mínimo de goleada, que só não aconteceu porque Edgar converteu um penálti.
Os bracarenses não se calavam com "olés" e, a condizer com as provocações do speaker, a noite acabou ao som de Adelaide Ferreira: "Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu. Afinal, hoje o papel principal é meu."