Ainda na memória recente de muitos apaixonados pelo futebol, se encontra a equipa do Leixões que conseguiu a proeza de chegar à Final da Taça de Portugal quando militava na extinta 2ª divisão B (actual Campeonato Nacional de Seniores). Comandada por Carlos Carvalhal e que contava com jogadores como Detinho, Antchouet, Abílio, Nuno Silva, Besirovic, Tozé ou Bruno China por pouco surpreendia o Sporting, que se tinha sagrado campeão nacional dias antes.
Uma característica muito peculiar acompanhava essa equipa que eram os seus fiéis e apaixonados adeptos, que percorriam o país de norte a sul para apoiar o seu clube independentemente da divisão. Nesse jogo, 300 autocarros e 15.000 adeptos leixonenses deslocaram-se desde Matosinhos até ao Jamor para assistir à Final da Taça, prova essa já conquistada em 1961 frente ao FC Porto.
Os anos foram passando e os recordes foram acontecendo. O Leixões torna-se a única equipa a disputar as competições europeias não pertencendo aos campeonatos profissionais, jogando na Macedónia e em Salónica frente ao PAOK sempre acompanhado por adeptos. Sobe com naturalidade à 2ª Liga onde bate um novo recorde em conjunto com o Vitória SC, tornando-se no jogo da 2ª Liga com maior assistência (24.853 espectadores). Nessa época sobe à 1ª Liga e no último jogo consegue encher os estádio com 12.000 adeptos a celebrar a conquista Campeonato.
O trajecto ascendente parecia de sucesso e sustentado sobre o comando de Carlos Oliveira, no entanto três anos depois, o clube vê-se relegado novamente para a 2ª Liga e nunca mais recupera. Os negócios obscuros que começaram ainda na 1ª Liga as negociatas pouco claras, o aumento do passivo do clube e as constantes penhoras e até hipotecas do seu próprio estádio (contruído e pago com o dinheiro dos pescadores de Matosinhos) levaram à descrença e ao descrédito por parte dos seus adeptos. Os adeptos outrora indeféctiveis começaram a deixar de aparecer, as Assembleias Gerais passaram a ficar desertas e a direcção do clube mantem-se ao leme do mesmo, quase de forma inexplicável.
Este mesmo clube que levou 15.000 adeptos ao Jamor e que levava milhares de adeptos na 2ª Divisão B a clubes como o Marco, o Bragança, ou o Paredes, agora na 2ª Liga não é capaz de ter assistências no seu próprio Estádio superiores a 1.000 adeptos.
Olhando para os números em baixo chegamos a triste realidade que o Leixões em 10 anos perdeu 2.500 adeptos por jogo. Apenas em 2 anos aumentou a sua assistência face ao ano anterior. Nas restantes épocas a queda de assistências é sempre superior a 10%.
2006/2007 - 2ª Liga - 26.633 (3.291)
2007/2008 - 1ª Liga - 77 805 (4 863) +48%
2008/2009 - 1ª Liga - 64.659 (4.037) -17%
2009/2010 - 1ª Liga - 55.855 (3.491) -14%
2010/2011 - 2ª Liga - 27.143 (1.597) -54%
2011/2012 - 2ª Liga - 22.924 - (1.433) -10%
2012/2013 - 2ª Liga - 28.674 - (1.195) -17%
2013/2014 - 2ª Liga - 24.880 - (1.037) -13%
2014/2015 - 2ª Liga - 17.921 - (717) -30%
2015/2016 - 2ª Liga - 6.002 - (750) +5%
Será este o final anunciado de mais um clube histórico do universo futebolístico português?
Fonte: http://record.pt/988188